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FundaMentol

quinta-feira, dezembro 30, 2004


tsunami

pussy cat

o punhal que atiraste
apanhando todos os meus medos
e que se veio espetar no nódulo da incerteza
foi um golpe executado com grande mestria

a ferida que abriu, sabes bem
que só pode sarar com saliva extraída
dos silêncios das palavras
que nunca deixaste de dizer

eu também tinha a minha seta
que fui envenenando calma e vagarosamente
com as palavras sem saliva
que brotavam dos teus olhos

cheguei mesmo a armar o arco
o que demorou o tempo duma estação inteira
e quando apontei à lua
alvo de tantas outras
com outros venenos

o braço já sem força fez-me falhar

desde então passei a usar uma fisga
que é muito mais prática
e fácil de usar nesta coisa
de atirar pedras envenenadas

claro que no bolso
trago sempre comigo caramelos

que me deu a minha avô
e que me disse,
não comas mais que um por dia,
até à bem pouco tempo

eu achava que era por causa dos dentes

sábado, dezembro 25, 2004


2004 anos... felizes aqueles que acreditam na eternidade.


Já te disse que não te portaste bem, pró ano se fores um menino bonzinho o pai natal deixa-te uma prenda, agora vá, deixa-me mandar mais este mail e vai lá brincar com a playstation.


Portei-me bem nhâ nha

quinta-feira, dezembro 23, 2004


Natal só ganha prenda quem se portou bem.

terça-feira, dezembro 21, 2004


é natal, é natal, é natal, é natal, jingle bel, jingle bel e coca-colas

segunda-feira, dezembro 20, 2004

Barca de actos

sei-me incapaz
de levar a barca de actos
até a margem oposta
de onde parti

sei que chegará
ao meio do lago
que brilha, reflexos
brancos avermelhados
e negros azuis

vou estrear as minhas asas novas
tingidas de branco sujo
das danças que tanto insistimos
em fazer

a primeira volta, lenta
serve, para ver a barca
que agora me parece
uma ridícula jangada de naufrago
com todos os objectos
que afinal quase a faziam afundar

o voo rasante que faço
na copa das árvores
criando um sonoro alvoroço
no ar quente da noite

gela a minha face
em dois pequenos rios
que se soltam dos meus olhos
juntando-se assim a tantos
que transformaram
este pedaço de terra inerte
num lago de águas malditas

a perícia com que me dirijo direitinho

para onde quero ir
faz com que tenha valido a pena
cada martelada sentida
quando, com a força que ainda restava
foste cravando pregos minerais
para que as asas ficassem bem presas
nas costas
que como é bem sabido são a parte do corpo
destinada as tarefas mais pesadas

e sim sou aquele ponto de memória
obscura e dissonante que à noite
tenta em uivos guturais
dizer nomes de massa gordurenta e açucarada

é o último prego que se solta mas este,
ao contrário

domingo, dezembro 12, 2004

Oh the heart is heaven/But the mind is hell

Na cova funda
O café sempre sabe
A café com um cheirinho
E os ovos, bem, esses parecem
Tão frescos como a casca de cebola
Com quem tomam um banho de cinco minutos

A cor que ganham tem tudo a ver

A mesa de ardósia
Com as lascadelas
Já bastante polidas
É um potente tambor
Tocado com bacetas pretas de uma nota só

A luz da tarde fria
Rasga o fumo em raios possíveis
Marcando silhuetas
Que permanecem
Num outro tempo

O kentuky no canto da boca
cujo único movimento é desviar-se
duas vezes, por cada 42cents.
para deixar passar o apaziguador de almas
vai queimando lentamente
passando assim a fazer parte
do ar, que só por si
já nos vai dizendo que o bom senhor
deixou uma conta por pagar naquele sitio
vai pra cima de um tempão

sim porque,
passar a vida a actuar
como um vendedor de carros
cria umas manchas fodidas

................ bem, Ti bernardo, é mais meio,
................ pra’acentar se fizer o favor,
a Alice, logo, quando vier buscar o pão paga tudo...
e os putos, se aí vierem à minha procura
............... dê-lhes uma sandes e um sumol,
............... sempre aguentam melhor até a mãe chegar...

subindo os degraus
passamos a actuar
como um vendedor de carros que toca guitarra
o que faz toda a diferença


medula

O M. Indiferente de P.

Shucram

sexta-feira, dezembro 10, 2004

sorrisos de sangue

as correntes
e não as palavras
entre o olhar

para as feridas
cicatriz
banheira vermelha
comigo nela

olhares vitreos
sangue nas mãos
que tentamos dar
não, a fé no alcool não

piano de duas caudas
tocado a quatro mãos
corpo melodia
mas só no proxénio

comprimidos de sangue
já abertos
memórias químicas
correm nas veias

prisões alucinantes
azul, branco, azul, branco, azul
esmagar o corpo
contra si próprio
cair

os labios transparentes
deixam ver o cabelo
negro como o quarto
memória
tal qual violação
do corpo
em sangue
como o sorriso

quarta-feira, dezembro 08, 2004

a luz atrai os insectos

Alimento-me do teu leite
ao qual adiciono mel conventual
que consigo colher nas entrelinhas
das pancadas subitas,
que dou sobre o meu peito
robótico e azul

o açúcar que serve
para nos colarmos
precisei dele quase todo
para fazer o bolo de aniversários
que nunca aconteceram

alimento-me agora
de cerejas,
que ficaram espalhadas pelo atrio do circo
onde apresentávamos o nosso número
de acrobatas quase brancos

e saltito de cereja em cereja
como um sáfiro
que tenta
re-provarte

beijos de chocolate

Sei-vos
Arepiados a olhar para o macramé de ferro
de onde só por estranha frieza
se diz veêm os bebes

e quando chuparem os dedos
do chocolate deretido no foundue

saibam que estou aí sorrindo

desenhei enquanto
o teu som
ritmico e gargalhado
se espalhava no ar

enchendo o meu desenho
com pingas de alcazus e
bolachas maria mergulhadas
no leite com ovomaltine

claro que o desenho
que era sobre o domingo azul ceu de domingo
ficou todo amarelo cor de vermelho
e eu, com a boca toda aberta
cheia de ti

terça-feira, dezembro 07, 2004

Laço azul

Apertei um laço
ao liquido etílico da garrafa
na esperança que à medida que ele descesse
eu subisse assim como um anjo com asas de cera

Para depois cair
Inesperada e irremediavelmente
Rasgando todo o azul
Como um traço
numa folha de papel de lustro

que a muito não recorto
corações vermelhos
para oferecer

e que ao cair visse como nunca vi
Mascaras de sorrisos a taparem
todas as angustias
E eu ficava sentado
com o peito cheio desse sorriso

era o mundo que acontecia nos teus olhos
vincados de tudo
mas com um brilho que era só pra mim

Apertei um laço...

sexta-feira, dezembro 03, 2004

Índigo

quarta-feira, dezembro 01, 2004

Satélite do amor

Satélite do amor
Ou mero espelho do sol
Espiritualidade pop
A melhor que alguma vez conheci
Talvez única


Sentinela que guardas o pó vermelho
Com que pintas as criptas dos meus amados
Que sempre serão pó
Desiste do teu voto


As faces estranhas que encontro
são mais estranhas quando o barco de cristal
me visita nas noites opiáceas
onde por ser baço já não posso entrar


sabes que me encontrarei sempre
no palco bem ao centro como um pregador
no espectáculo onde ninguém veio


nem eu vim

porque entrei e sai sempre de costas
e as deixas que tinha que dar a mim próprio
saíram-me todas fora de tempo
e fora de um templo no qual não acredito
rezei palavras de sabedoria zen
que são brancas mas cheias de açúcar mascavado

longe de qualquer lugar

vermelho

Despeço-me de ti olhos castanhos
O teu sorriso afirmativo e cumpliçe
Devolve-me a paz que sentimos
por segundos os dois

sei que mergulhas na noite
primária, corpórea, vermelha
tens
paixão em esceço, calor na contracosta

mimetismo de olhares
viagens nuas de naves
contorção linguistica
de silencio voltaico
explosão de cores brancas

o suor de venus
no peito onde um dia
nos encontramos
embalamos
fervemos futuros

e do gato leão fizemos
quase purpura
quase puta
quase anjo
quase ceu
quase seu
quase teu
quase meu
quase insupurtável

tremendo agitás-te o ultimo sopro
que ainda te restáva de leite sacramental
o chupa-chupa que me deste
veio mesmo a calhar