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FundaMentol

quinta-feira, dezembro 30, 2004

pussy cat

o punhal que atiraste
apanhando todos os meus medos
e que se veio espetar no nódulo da incerteza
foi um golpe executado com grande mestria

a ferida que abriu, sabes bem
que só pode sarar com saliva extraída
dos silêncios das palavras
que nunca deixaste de dizer

eu também tinha a minha seta
que fui envenenando calma e vagarosamente
com as palavras sem saliva
que brotavam dos teus olhos

cheguei mesmo a armar o arco
o que demorou o tempo duma estação inteira
e quando apontei à lua
alvo de tantas outras
com outros venenos

o braço já sem força fez-me falhar

desde então passei a usar uma fisga
que é muito mais prática
e fácil de usar nesta coisa
de atirar pedras envenenadas

claro que no bolso
trago sempre comigo caramelos

que me deu a minha avô
e que me disse,
não comas mais que um por dia,
até à bem pouco tempo

eu achava que era por causa dos dentes